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Direito em Foco | Marielle e a politicagem

Por: Gustavo de Miranda
21/03/2018 16:05

Quarta passada, 14 de fevereiro, executaram no Rio a vereadora Marielle Franco e seu motorista. Segundo as informações que se encontra – por aqui eu não conhecia ela nem a sua atuação – ela era ativista, defensora dos direitos humanos e disse uma vez “até quando irão nos matar para que esta guerra acabe”? Soou como premonição.

Não tenho o peito tão deserto a ponto de não lamentar a morte de uma pessoa que representava o povo pobre, minorias sem holofote e vítimas da violência endêmica do Rio de Janeiro, porém, devo também salientar que ela comparou ações policiais contra traficantes a chacinas aleatórias e se posicionava contra autoridades de segurança pública no combate ao tráfico e ao crime organizado. Sua indignação era seletiva.

Há exagero e desrespeito tanto do lado que vem martirizando a morte dela, quanto do lado que quer diminuir a importância e a gravidade desse crime hediondo, que representa um desafio, uma bravata à sociedade como um todo, não só aos camaradas partidários dela, vinda daqueles que ela denunciou e ainda ia denunciar. Isso é reflexo da banalidade do mal, que anda às soltas por causa dessa separação de classes e crenças enfiada goela abaixo, entre pessoas suscetíveis a extremismos, que professam ironias macabras e cultos quase santos a essa figura.

Infelizmente, aqui no reino dos hipócritas, algumas vidas e algumas mortes tem mais valor que outras, o assassinato de Marielle escancarou isso. Mortes de policiais, agentes e trabalhadores não dá ibope, nem voto, nem like em textão, mas deixa famílias em luto, crianças sem pais, famílias destruídas e a sociedade sem proteção, entretanto, a preocupação é dizer “foi esse, foi aquele” por conveniência e politicagem de uma gente que se aproveita da tragédia pra palanquear suas anarquias.

Foi a militância política que transformou a morte de Marielle na mais épica injustiça de todos os tempos, sim, pois chega a ser irônico a indignação, os discursos e toda essa celeuma, que são mais tendenciosos do que realmente humanísticos. Ela foi vítima de uma máfia, de uma organização criminosa que não a queria denunciando suas atividades, assim como Chico Mendes, mas bem mais politizado. Aqui cabe a pergunta da capa da Veja: A quem interessava a morte desta mulher?, e o novo questionamento agora é: como interessa e pra quem.

A morte de Marielle virou palanque pra discurso da militância de uns e escora pras maledicências de outros. Esnobaram o propósito justo que poderia influenciar um grande movimento por mudanças, pra destilar todo tipo de moralismo inútil e politicagem irresponsável, é uma pena, uma vida que se foi pra virar instrumento de politicagem tendenciosa.


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